sábado, 18 de junho de 2016

Quero comprar um compressor. O que devo saber?

Hoje vou falar um pouco sobre os compressores de ar.

O equipamento é presença obrigatória em qualquer oficina. Há uma vasta gama de modelos e de acessórios que o transformam em uma máquina com diversas aplicações.

Entretanto na hora da compra sempre surgem dúvidas que nem sempre são esclarecidas pelos vendedores ou pela documentação. Foi isso que me motivou a escrever um sobre o assunto.

Os compressores são máquinas bastante úteis em qualquer oficina. Com o uso de alguns acessórios eles servem para uma série de aplicações:

    Fazer limpeza

    Bicos para Limpeza
    Com um bico para limpeza o compressor é ideal para fazer limpeza de máquinas, bancadas e mesmo durante algumas tarefas como limpeza durante uma furação.

    Também muito útil para tirar o pó que se acumula no interior das máquinas (serras, lixadeiras, plainas e tupias), principalmente no motor, local que ele acumula devido à aspiração pela ventilação do motor.

    Secar peças após a lavagem

    O bico de limpeza também é bastante útil para fazer a secagem de peças lavadas com água ou solventes. O ar comprimido chega a lugares de difícil acesso que seriam impossíveis de serem alcançados com um pano. O bico de limpeza é um acessório indispensável e compatível com todos os compressores.

    Tocar ferramentas pneumáticas

    Ferramentas Pneumáticas
    Uma grande utilidade dos compressores é fornecer ar comprimido para acionar ferramentas pneumáticas.

    Há uma vasta gama de ferramentas que ao invés de motores possuem acionamento pneumático. Entre os marceneiros as mais conhecidas são os pinadores, pregadores e grampeadores. Mas não fica por aí: há também lixadeiras, engraxadeiras, retíficas, chaves de impacto, etc. As ferramentas pneumáticas possuem a vantagem de poderem ser trabalhadas juntamente com água.

    Importante ressaltar que as ferramentas pneumáticas normalmente necessitam de lubrificação (automática ou manual). Essa lubrificação pode ser feita diretamente pela linha de ar comprimido com o uso de um lubrificador. As ferramentas pneumáticas, a menos dos grampeadores e pinadores, costumam apresentar elevado consumo de ar, portanto se você estiver pensando em usá-las deverá escolher um compressor de maior porte.

    Pulverização

    Pulverizadores
    Usando um uma pistola ou bico pulverizador o ar comprimido também permite fazer pulverização de produtos como desengraxantes para limpeza de motores, óleos solúveis para proteção de chassi, preservativos de madeira, inseticidas, etc.

    Há diversos tipos de pulverizadores disponíveis no mercado: com ou sem reservatório, com bico longo ou curto.

    Deve-se tomar o cuidado de usar o EPI adequado, pois a inalação de alguns produtos pode ser danosa à saúde.


    Pintura

    Pistolas de Pintura
    Outra aplicação bem comum dos compressores é fornecer ar comprimido para pistolas de pintura para a aplicação de fundos, vernizes e tintas.

    Há vários modelos e tamanhos de pistolas para pintura. Basicamente existem 2 tipos: as para uso de compressores de ar direto e as para serem usadas com compressores com reservatório. Para cada tipo ainda há as pistolas de gravidade (a caneca fica na parte de cima e a tinta cai por gravidade) e as de sucção (a caneca fica em baixo da pistola e a tinta é sugada para o bico).

    As pistolas de pintura normalmente necessitam de ar isento de umidade, o que é conseguido através de filtros. Também é necessário o uso de EPI.

    Pistola para
    Revestimento

    Aplicação de revestimento

    Há também pistolas destinadas à aplicação de textura projetada em alvenaria. Essas pistolas operam por gravidade. Possuem um grande reservatório e bicos grossos, entre 5 e 8 mm.

    Além da aplicação de textura essas pistolas também podem ser usadas para aplicação de gesso, massa corrida e pintura em chapisco ou superfícies com muita irregularidade.




    Jateamento de peças

    Cabine e Pistola
    para Jateamento
    O jateamento de peças é outra aplicação dos compressores e serve para limpeza, remoção de tinta e oxidação, normalmente de peças metálicas ou para gravação em vidro. Utiliza-se uma pistola especial que pulveriza pó abrasivo (óxido de alumínio) contra a peça a ser processada.

    Essa operação normalmente é feita dentro de uma cabine de jateamento, na qual insere-se a pistola e a peça. Essa cabine evita que o abrasivo se disperse contaminando o ambiente e também possibilita o reaproveitamento do abrasivo.

    O jateamento também é uma aplicação que consome bastante ar. Se essa for a sua intenção verifique a capacidade do compressor e o consumo de ar da pistola. Também deve-se tomar cuidado ao trabalhar com jateamento pois a poeira é altamente prejudicial à saúde. O uso de EPI é recomendado.

    Enchimento de pneus

    Calibradores de Pneu
    O compressor também serve para encher pneus de carros, motocicletas e bicicletas.

    Há dois tipos de bicos para enchimento de pneus: os simples e os com manômetro integrado. É sempre bom ter o bico calibrador de pneus na oficina.




    Enchimento bolas, colchões, cadeiras de piscina e demais infláveis

    Bicos para Bolas e Infláveis
    Bastante útil para encher bolas, colchões, cadeiras de piscina e demais infláveis.

    Utiliza-se para isso bicos com rosca que são colocados na ponta dos bicos para limpeza (soprador).







    Tipos de Compressores

    Existem diversos tipos de compressores, alguns deles voltados às aplicações industriais. Para uso em oficinas há basicamente 2 tipos: de diafragma e de pistão.

    Compressores de Diafragma

    Compressor de Ar Direto
    Os compressores de diafragma (ou membrana) são pequenos e normalmente  não possuem reservatório de ar. Esses equipamentos fornecem baixa pressão (40 psi) e baixo fluxo de ar (entre 2 e 2,5 pcm). São ideais para pinturas de acabamento mais grosseiro, como de grades, portões, etc... Devido à sua baixa pressão e vazão esse tipo de compressor não é adequado para outras aplicações.

    Esses compressores, por não possuírem reservatório não podem ter o fluxo de ar interrompido, por isso também são chamados de "compressores de ar direto". Também por esse motivo o fluxo de ar é pulsante.

    Esses compressores não dispõem de reservatório de óleo e dispensam lubrificação.

    Compressores de pistão

    Os compressores de pistão são classificados em dois tipos: os motocompressores e os convencionais. Esse tipo de compressor possui reservatório de ar comprimido e apresentam maior pressão e vazão de ar. Devido ao reservatório (ou pulmão) o fluxo de ar é contínuo (não pulsante). São dotados de pressostato que desligam o motor quando a pressão interna do reservatório atinge o valor máximo e voltam a ligar quando a pressão cai abaixo do mínimo. Normalmente esses valores são 140 e 90 psi respectivamente. Os compressores de pistão possuem reservatório de óleo que deve ser trocado periodicamente conforme as recomendações do fabricante.

    Motocompressor
    Os motocompressores  são equipamentos que conjugam um motor com um compressor acoplado diretamente sobre seu eixo, formando um único bloco, dispensando correias. Embora bem maiores e mais potentes que os compressores de membrana, esses equipamentos ainda são pequenos. Possuem pressão máxima entre 120 e 140 psi e vazões em torno de 6 pcm. Normalmente são acionados por motores monofásicos de 2 a 3 CV.

    O volume do reservatório dos motocompressores varia entre 5 e 25 litros, dependendo do modelo. Por ser tratar de equipamentos pequenos, esses compressores normalmente apresentam  rodas e alças para facilitar o transporte. São ideais para limpeza, acionamento de grampeadores e pinadores, pinturas, pulverização, calibrar pneus e encher infláveis. Alguns modelos trazem incorporado regulador de pressão e manômetro. Devido ao seu baixo custo esses compressores são os mais usados pelos hobistas.

    Um inconveniente desses compressores é o elevado nível de ruído que eles provocam, pois trabalham com um pistão pequeno e um motor de alta rotação. O seu reservatório pequeno também não sustenta o fluxo de ar por muito tempo, obrigando o motor permanecer ligado durante aplicações que exigem fluxo de ar contínuo, como em pintura por exemplo. Deve-se consultar o manual do equipamento para saber quanto tempo o compressor pode funcionar continuamente.
    Compressor Profissional

    Além dos motocompressores exitem os compressores convencionais, aqueles com cabeçote e motor montados sobre o reservatório e unidos por correias. Esses compressores são maiores e capazes de fornecer maiores volumes de ar que os motocompressores.

    Existem diversos modelos e tamanhos desses equipamentos. Os modelos
    profissionais apresentam cabeçote simples ou duplo e reservatório entre 50 e 200 litros. Os modelos industriais apresentam cabeçote tipo estrela, com 5 pistões, podendo alguns modelos podem apresentar 2 cabeçotes e reservatórios com mais de 450 litros.

    Compressor Industrial
    Esses compressores trabalham com motores mais potentes, variando de 2 a 3 CV, monofásicos ou trifásicos nos modelos profissionais, podendo chegar a 20 CV (trifásico) nos modelos industriais. Diferentemente dos motocompressores esses equipamentos trabalham comotores de baixa rotação e produzem menor nível de ruído.

    Os compressores profissionais são adequados, além das tarefas dos motocompressores, para acionamento de ferramentas pneumáticas como chaves de impacto, lixadeiras, pistolas de aplicação de revestimento, pistolas de pintura de alta pressão e jateamento.

    Características dos Compressores

    Quando estamos escolhendo um compressor nos vemos perdidos entre as características que diferenciam os diversos equipamentos. Vamos falar um pouco sobre as principais características dos compressores:

    Potência

    Normalmente a potência que é apresentada nas especificações técnicas de um compressor é a potência do seu motor. Esse valor serve apenas como referência para que seja providenciada a ligação elétrica, pois as características que interessam na escolha de um compressor são deslocamento e pressão.

    Deslocamento

    Deslocamento é o volume de ar que o compressor produz por minuto. Esse valor é dado em duas unidades: pcm (pés cúbicos por minuto) ou l/m (litros/minuto). Há dois tipos de deslocamento: o teórico e o efetivo.

    deslocamento teórico é o volume deslocado calculado teoricamente, ou seja: volume do pistão x rotação da polia do compressor (não é a do motor, pois as polias do motor e do compressor são de diâmetros diferentes).

    Já o deslocamento efetivo é o volume efetivamente deslocado, nas condições de temperatura e pressão em que o ar é produzido. Esse valor é sempre MENOR que o valor teórico.

    Pressão Máxima

    É a máxima pressão que o compressor é capaz de comprimir o ar. É o ponto onde o pressostato desliga o motor.

    Pressão de Trabalho

    Uma das grandes confusões que existem na hora de comprar um compressor é quanto ao conceito de Pressão de Trabalho. Normalmente esse valor não é apresentado nas especificações técnicas e muita gente confunde com a pressão máxima.

    Pressão Máxima é a máxima pressão que o compressor é capaz de fornecer, mas esse valor só é obtido quando o consumo de ar é nulo, ou seja, com o registro de ar fechado. A partir do momento que se consome ar essa pressão começa a cair. A pressão máxima NUNCA se mantém quando há consumo de ar.

    Pressão de Trabalho é a pressão que o compressor é capaz de fornecer quando uma certa quantidade de ar está sendo consumida. É tanto maior quanto menor for o consumo de ar. A Pressão de Trabalho está sempre relacionada a um fluxo de ar. Normalmente é apresentada assim:

    90 psi @ 10 pcm (90 psi com um fluxo de 10 pcm)

    Número de Pistões

    É o número de câmaras de compressão presentes no cabeçote do compressor. Os profissionais possuem normalmente 1 ou 2 pistões. Os industriais possuem até 2 cabeçotes em estrela com 5 pistões em cada um.

    Número de Estágios

    É o número de estágios de compressão. Os compressores profissionais possuem um único estágio, ou seja, o ar sai do compressor e vai diretamente para o reservatório.

    Nos compressores de múltiplos estágios o ar sai de um pistão e entra em outro que lhe aumenta a pressão, assim sucessivamente até ir para o reservatório. Essa arquitetura é utilizada em alguns tipos de compressores industriais.

    Volume do Reservatório

    É o volume do reservatório de ar, medido normalmente em litros.

    Perigo dos Compressores

    Os compressores são uma "bomba" que temos dentro da oficina. O seu reservatório acumula muita energia na forma de "ar comprimido". Caso esse reservatório venha a explodir, as consequências são graves.

    Mas calma! Não precisamos nos apavorar. Temos outras bombas em casa como botijões de gás e panelas de pressão e se tomarmos as devidas precauções não há perigo.

    O reservatório de um compressor é um vaso de pressão e tem seu uso regulamentado pela NR-13. A norma prevê inspeções periódicas a serem realizadas por empresa especializada com emissão de laudo. Essas inspeções incluem:

    • Inspeção por ultra-som para detecção de defeitos e descontinuidades nas paredes do reservatório;
    • Teste hidrostático para verificação da resistência mecânica;
    • Calibração e revisão da válvula de segurança, manômetros e pressostatos.
    As boas práticas recomendam como medida de segurança, aumento de desempenho, durabilidade e qualidade:
    • Acionamento diário dos drenos do reservatório para eliminar o condensado existente dentro do vaso;
    • Verificação do nível de óleo no reservatório antes de dar a partida e eventual complementação caso o nível esteja baixo (consumo excessivo de óleo são indícios de algum problema);
    • Teste da válvula de segurança para certificar que ela está funcionando;
    • Observação dos manômetros após a partida até o enchimento do reservatório e desligamento, certificando-se de que eles operam adequadamente e indicam leituras corretas em cada fase de operação.
    Lembre-se: para uma operação segura siga as recomendações prescritas no Manual de Instruções do equipamento e fique atento à água que sai durante a drenagem do reservatório para ver se não apresenta vestígios de ferrugem. Caso isso ocorra procure uma assistência técnica.

    Ví na Internet um vídeo que ensinava a fazer um compressor com "motor de geladeira"

    Há na internet uma infinidade de vídeos sobre compressores "feito em casa", na maioria das vezes utilizando motores de geladeira ou de ar condicionado. FUJA DESSES PROJETOS !!!!

    O "motor de geladeira" ou qualquer outro usado em refrigeração, é na verdade a junção de dois equipamentos em uma única carcaça blindada: um motor e um compressor. Esses compressores são dimensionados para fazer circular o gás existente no interior da máquina refrigeradora e podem atingir pressões muito elevadas, maiores que aquelas recomendadas pela segurança.

    Ligar esses compressores a um reservatório pode ser muito perigoso e os acidentes com compressores são muito graves. A única maneira segura de se utilizar esses compressores é SEM reservatório, como compressor de ar direto. Servem para serem usados com aerógrafos.

    Escolhendo um Compressor conforme suas necessidades

    Na hora da compra devem ser observados alguns pontos importantes. Antes de comprar um compressor devemos ter em mente o uso que se pretende dar ao equipamento. A partir daí faremos a escolha entre uma lista de produtos adequados.

    A primeira coisa que temos que verificar são as especificações dos equipamentos que pretendemos ligar ao compressor. Os acessórios costumam trazer em suas especificações o consumo de ar demandado. Devemos escolher um compressor que seja capaz de manter a pressão e a vazão de ar para tocar os acessórios.

    É aí que entram a PRESSÃO E VAZÃO DE TRABALHO. Não adianta comprar um compressor olhando apenas a pressão máxima. Temos que verificar se ele é capaz de manter essa pressão na vazão requerida.

    Outros aspectos que devem ser considerados são:

    - Tensão de alimentação (voltagem): os compressores normalmente são bivolt (110/220V); os profissionais podem apresentar motores 220V trifásicos. Deve-se ficar atento a esse detalhe.

    - Volume do reservatório: o volume do reservatório deve ser adequado às recomendações dos fabricantes dos acessórios que serão acoplados ao compressor. Também deve ser adequado ao espaço disponível. Devemos pensar bem na hora da compra: um reservatório muito grande implica num tempo maior para enchimento; um reservatório pequeno demais não fornece ar na quantidade necessária ou obriga o motor ficar ligando toda hora.

    - Portabilidade: A portabilidade deve ser analisada em função daquilo que se pretende do compressor. Há compressores que dispõem de rodinhas e alças para serem movimentados de um lado para outro. Isso facilita seu deslocamento na oficina caso não se disponha de muito espaço. Os compressores maiores normalmente não são adequados ao transporte e devem ser instalados fixos em um local e o ar deve ser distribuído por meio de uma linha de ar comprimido ou por uma mangueira comprida.

    - Ruído: o ruido não é um critério decisivo, pois não há muita diferença entre o nível de ruído de equipamentos semelhantes.

    - Acessórios integrados: alguns modelos de compressor vem com alguns acessórios integrados, como regulador de pressão, filtro, etc.

    - Preço e condições de pagamento: dispensam comentários.

    Escolha um compressor um pouco maior do que aquele que você precisa, assim o equipamento trabalha mais folgado.

    Cuidados na hora de comprar um compressor usado

    O perigo na hora de comprar um compressor usado está no estado de conservação do seu reservatório. O acúmulo de água no interior do reservatório pode provocar oxidação que enfraquece as paredes do tanque. Quando olhamos um compressor por fora não temos como ter ideia de como está o reservatório por dentro.

    Quando compramos um compressor usado raramente dispomos dos laudos referentes às inspeções do reservatório. Essas inspeções custam caro e apenas as indústrias fazem. Talvez não valha a pena!

    Espero ter ajudado !

    Abraços a todos e façam seus comentários.

    terça-feira, 7 de junho de 2016

    Equipamentos Básicos de Proteção Individual - Parte II

    Dando prosseguimento ao tema que iniciei no post anterior agora vou abordar os EPI utilizados em uma marcenaria.

    EPI para Marcenaria

    A atividade de marcenaria, como tantas outras, também requer o uso de determinados Equipamentos de Proteção Individual. Os principais são:
    • Óculos de proteção (ou protetor facial)
    • Protetor auricular
    • Máscaras para poeira e gases (Respiradores)
    • Calçado de segurança

    Óculos de segurança

    Protetor Facial
    O uso de óculos de segurança ou de um protetor facial é recomendado na execução de diversas atividades que possam desprender material que possam atingir os olhos ou o rosto do operador, como serrar, furar e lixar, entre outras.

    Também é recomendado o seu uso durante a execução de trabalhos com microrretíficas.

    Os óculos são os mesmos já mostrados no tópico anterior.

    Protetor auricular

    Assim como os óculos de segurança, o protetor auricular também deve ser utilizado durante a operação de máquinas barulhentas, como a serra circular e a tupia. Use protetores auriculares sempre que a operação da máquina sem o protetor seja desconfortável.


    Máscaras ou Respiradores

    As máscaras ou respiradores constituem os EPR (Equipamentos de Proteção Respiratória), que tem a função de garantir a segurança do usuário em ambientes onde haja contaminantes em suspensão. Nas atividades de marcenaria são duas as máscaras utilizadas:

    • máscara contra poeira, fumos e névoas
    • máscara contra gases e vapores.

    Vou discorrer um pouco sobre o assunto, pois a maioria das pessoas não dão a devida atenção dos perigos que se escondem atrás de um simples pozinho  por desconhecimento.

    Vejamos algumas definições importantes na hora da compra do EPR adequado:

    POEIRAS: pequenas partículas provenientes da quebra, moagem ou trituração de um material sólido que permanecem suspensas no ar e podem ser facilmente inaladas;

    FUMOS: partículas muito finas que ficam em suspensão no ar, derivadas da fusão e resfriamento rápido de um metal ou plástico. Ex: soldagem, fundição, extrusão de plásticos, etc.;

    NÉVOAS: partículas geradas durante a pulverização de líquidos (spray);

    GASES: são substâncias que nas CNTP (condições normais de temperatura e pressão) não são líquidas nem sólidas;

    VAPORES: ocorrem quando da evaporação de líquidos e são caracterizados pelos seus odores característicos.

    Esses produtos são tipos de contaminantes. Ao serem inalados vão direto para os pulmões, caem na corrente sanguínea e atingem o corpo inteiro. São origens de doenças graves (até câncer).

    Alguns contaminantes ao serem inalados provocam de imediato reações como tosse, tontura, falta de ar, entre outras. Entretanto existem contaminantes que não provocam reações imediatas e só será percebido após um longo tempo de exposição.

    A escolha do equipamento adequado vai depender da atmosfera do local de trabalho. No interior de uma marcenaria os principais contaminantes respiratórios são poeiras, névoas e vapores.

    As poeiras são provenientes das atividades de transformação da madeira (corte, fresamento e lixamento) e quando inaladas podem se acumular nos pulmões e provocar a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). A DPOC é a diminuição da capacidade pulmonar gerando males como bronquite e enfisema pulmonar.

    Alguns produtos, como o MDF por exemplo, utilizam na sua composição resinas a base de formaldeídos o que torna o seu pó é altamente tóxico. A Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) encontrou provas suficientes que ligam o formaldeído a alguns tipos de cânceres e a substância foi classificada como carcinogênica do Grupo 2A ou simplesmente "provavelmente cancerígena para os seres humanos".

    Os solventes utilizados em lacas e vernizes, bem como em alguns tipos de cola de contato, produzem vapores altamente tóxicos que quando inalados provocam tontura e no longo prazo podem afetar o fígado, rinas, medula óssea e degeneração progressiva dos nervos periféricos, que em casos extremos pode causar paralisia. A aplicação de tintas e vernizes om pistola também provoca névoas igualmente tóxicas.

    Como vemos o risco é sério. Devemos nos proteger usando máscaras adequadas. Há dois tipos de máscaras: as descartáveis e as reutilizáveis.

    Máscara Descartáveis

    Respiradores Descartáveis
    As máscaras descartáveis, mais simples e baratas, são constituídas basicamente de uma ou mais camadas de não-tecido sintético e manta filtrante em micro-fibra.

    Há diversos modelos diferentes, variando o formato e acessórios: máscaras tipo concha, máscaras dobráveis, máscaras com e sem válvula respiratória. Essas máscaras cobrem a boca e o nariz e necessitam se adaptar bem ao rosto do usuário para garantir uma perfeita vedação. Normalmente são utilizadas contra poeiras, névoas e fumos.



    Máscaras Reutilizáveis

    Respirador Reutilizável
    As máscaras reutilizáveis são mais elaboradas, portanto mais caras. São normalmente utilizadas contra gases e vapores, embora haja também elementos filtrantes contra poeiras, névoas e fumos. Essas máscaras são constituídas basicamente de duas partes: uma estrutura de silicone com um tirante que a prende atrás da cabeça do usuário e um ou dois elementos filtrantes. É o elemento filtrante que definirá a aplicação da máscara: coloca-se o filtro adequado de acordo com a necessidade.





    Equipamentos Combinados

    Protetor Facial Inteiro
    Alguns respiradores possuem protetores faciais integrados, fornecendo proteção respiratória e ao rosto. Eles são interessantes pois conjugam duas funções em um único equipamento.





    Calçado de Segurança



    Os calçados de segurança sempre devem ser utilizados em uma oficina, pois sempre há perigo de queda de um objeto sobre os pés.

    Conclusões:


    • Mesmo sendo um hobista as atividades envolvem certos riscos que devem ser minimizados por práticas adequadas (vou abordar esse tema no futuro) e/ou pela utilização de equipamentos de proteção individual adequado;
    • Só adquira EPI se ele possuir CA (Certificado de Aprovação);
    • Antes de comprar um EPI verifique se ele é confortável e se adapta bem ao seu corpo;
    • As pessoas que usam óculos devem atentar ao comprar máscaras: alguns modelos interferem com os óculos, embaçando-os ou interferindo no seu apoio no nariz;
    • Ao adquirir uma máscara, observe atentamente a sua finalidade, escolhendo o filtro adequado;
    • O custo do EPI é muito pequeno se comparado ao custo das lesões que eles podem evitar. Ao adquirir uma máquina nova verifique quais os EPI necessários e compre junto aqueles que você ainda não tem.

    Façam seus comentários.

    Abraço a todos e até a próxima !