terça-feira, 31 de maio de 2016

Equipamentos Básicos de Proteção Individual - Parte I

Equipamentos Básicos

Vou comentar sobre os equipamentos básicos utilizados nas minhas atividades como hobista.

Na minha oficina tenho equipamentos para trabalhar com Marcenaria, Serralheria, Mecânica de Automóveis e Eletricidade. Cada uma das atividades tem os seus equipamentos próprios. Alguns são comuns a várias atividades. Vejamos:

EPI para Serralheria

Eu trabalho com uma inversora de solda. Os EPI básicos para quem vai trabalhar com serralheria são os seguintes:
  • Óculos de proteção
  • Luvas
  • Protetor Auricular
  • Avental
  • Manga ou Mangote
  • Capuz ou balaclava
  • Perneira
  • Calçado de segurança
  • Máscara de solda
  • Creme protetor solar fator 50

Óculos de Proteção

Óculos de Proteção
Os óculos de proteção são um EPI usado para várias atividades. Eles protegem a pessoa de partículas que são lançadas e podem atingir os olhos. Esses óculos têm as laterais fechadas para maior proteção. Há diversos modelos. Pessoas que usam óculos não se adaptam bem aos óculos de proteção, pois eles não ficam bons quando sobrepostos aos óculos de grau. Uma opção é comprar um par de óculos de segurança que seja possível substituir a lente por uma lente de grau. Outra opção, a minha, é substituir os óculos de proteção por um protetor facial.

Os óculos de proteção (ou protetor facial) devem ser utilizados durante as atividades de corte com máquina de disco e esmerilhamento. 


Luvas

Luva de Raspa
As luvas, feitas de raspa de couro ou vaqueta, servem para proteger as mãos de rebarbas e limalha de ferro que podem provocar ferimentos. As luvas também servem para proteger durante a soldagem, pois durante a operação é comum espirrar fagulhas de metal derretido que podem provocar queimaduras graves. Além disso, a claridade provocada pelo arco de solda pode produzir queimaduras devido à alta intensidade de raios UV.

Há basicamente três tipos de luvas: as de cano curto, cano médio e cano longo. Para soldagem a de cano médio e longo são mais indicadas por fornecerem maior proteção; para as demais atividades a de cano curto é mais confortável.


Protetor Auricular

O excesso de ruido prejudica a saúde podendo causar perda de audição, zumbido (tinnitus), ansiedade, hipertensão, nervosismo e até mesmo impotência sexual. O problema é que a perda auditiva não se dá de um dia para outro. Ela é cumulativa: se dá aos poucos e vai aumentando com o passar do tempo. Quando se dá conta não existe cura, pois a situação é IRREVERSÍVEL. Devemos cuidar da nossa exposição às fontes de ruído intenso, ficando atentos à intensidade e ao tempo de exposição.

O ruído intenso, que pode causar alguma perda de audição, está acima de 85 decibéis (dB ) por um período de oito horas. Para cada 5dB aumentado, a exposição ao ruído deve diminuir pela metade, ou seja, 90dB por apenas quatro horas de exposição, 95dB por apenas duas horas e, aos 110dB, a exposição deve ser de apenas 15 minutos. O Anexo I da NR 15 do Ministério do Trabalho apresenta a tabela completa com os limites de tolerância para ruídos contínuos e intermitentes. Pode ser facilmente encontrado na Internet.

Os principais sinais da perda de audição são:

  • Zumbidos e sons estranhos na orelha quando se está em ambientes silenciosos ou antes de dormir;
  • Dificuldade para ouvir sons baixos ou de alta frequência;
  • Dificuldade para conversar ou falar ao telefone;
  • Sons percebidos de forma abafada.

Como não há remédio para a perda auditiva, o único jeito de evitá-la é a PREVENÇÃO.

O protetor auricular tem a função de fornecer proteção contra excesso de ruído. No caso das atividades de serralheria ele deve ser usado durante as operações de corte quando se utiliza uma máquina policorte e de esmerilhamento.

A principal característica de um protetor auricular é taxa de redução de ruido (NRR - Noise Reduction Rate), que pode variar entre 15 e 30 decibéis (dB). O protetor auricular deve ser escolhido de forma a atenuar o ruído ambiente deixando-o entre 80 e 85 db.

Há dois tipos de protetores auriculares: os de inserção e os tipo concha.

Protetor Auricular de Inserção

Os protetores de inserção são os mais utilizados. Eles são colocados no interior do canal auditivo com a função de bloquear a passagem do som. São confortáveis, baratos e duráveis. Há dois tipos: o de espuma moldável e os pré-moldados.

Protetores de Inserção
Os protetores de espuma moldável são descartáveis, portanto mais higiênicos, e devem ser utilizados uma única vez. Os pré-moldados, fabricados de silicone ou co-polímero, são reutilizáveis e necessitam de higienização (lavagem) diária. São encontrados em tamanho único ou 3 tamanhos para melhor se adaptação.

As vantagens desse tipo de equipamento são:


  • baixo custo
  • eficiência
  • conforto
  • pode ser combinado com outros equipamentos
Entretanto os protetores de inserção apresentam algumas desvantagens:
  • não dá para ser inserido se o usuário estiver de luvas ou com as mão sujas
  • menores taxas de redução, em torno de 16 dB
  • maior necessidade de higienização (no caso dos pré-moldados)
  • mais fácil de perder
No caso do uso de protetores reutilizáveis recomenda-se fazer um nó no cordão próximo ao plug e utilizá-lo sempre no mesmo ouvido (o direito por exemplo). Dessa forma, caso haja uma infecção em um ouvido ela não é transmitida ao outro.

Os protetores reutilizáveis também devem ser lavados constantemente. Como são introduzidos dentro do canal auditivo eles podem provocar infecções caso não estejam adequadamente higienizados. Esse tipo de equipamento é de uso pessoal e não deve ser compartilhado com outras pessoas.



Protetor Auricular de Tipo Concha

Protetor tipo Concha
Os protetores auriculares tipo concha são formados por duas conchas plásticas forradas de espuma e unidas por uma haste metálica ou de plástico. Ele é colocado sobre as orelhas com o intuito de abafar o som. Esse tipo de protetor possui taxa de atenuação mais elevada que os de inserção. Para garantir sua eficiência ele deve ser colocado de tal modo que as orelhas fiquem totalmente dentro das conchas.

Esses protetores são mais caros que os de inserção e são fabricados em diversos modelos para permitir o seu uso em conjunto com outros equipamentos.

As vantagens dos protetores tipo concha sobre os de inserção são:
  • maior poder de atenuação (25 dB)
  • eficiência
  • podem ser colocados ou retirados com o uso de luvas
  • maior durabilidade
  • mais difícil de perder
Desvantagens
  • maior custo
  • maior peso
  • menor conforto
Há protetores tipo concha que oferecem proteção ativa, ou seja, eles possuem um sistema eletrônico que emite ondas sonoras que anulam as ondas do ruído externo aumentando seu poder de abafamento. Seu circuíto eletrônico é capaz de manter o nível de ruído em 85 dB, garantindo uma proteção efetiva com perfeita audição de conversação. Esse tipo de protetor é indicado para atividades em ambientes de alto nível de ruído. São equipamentos de elevado custo.


Avental de Raspa de Couro

Avental de Raspa
O avental tem como função a proteção do tronco contra fagulhas espirradas durante a soldagem, corte e esmerilhamento. São produzidos de raspa de couro.

Existem dois modelos: com mangas (tipo barbeiro) e sem mangas (tipo açougueiro). A escolha de um ou outro vai depender do gosto de cada um. O avental tipo barbeiro dispensa o uso de mangas avulsas (mangote) e deve ser usado com luvas de cano curto.


Manga ou Mangote

Mangas ou Mangotes

As mangas avulsas são protetores para os braços quando se usa aventais desprovidos delas. Como todos as demais vestimentas também são confeccionadas de raspa de couro.

Devem ser usadas durante as operações de soldagem, mesmo que estejam sendo usadas luvas longas. 






Perneiras

Perneira
As perneiras, fabricadas de raspa de couro, são destinadas à proteção das pernas. São indicadas quando a pessoa está usando botas de cano baixo.

Não se deve confiar na proteção oferecida pela calça comprida pois o metal fundente perfura o tecido com facilidade provocando queimaduras. Somente uma perneira de raspa é capaz de impedir ferimentos.






Capuz ou Balaclava

Capuz de Soldador
O capuz de raspa completa a vestimenta e tem a função de proteger a cabeça e os ombros do soldador contra respingos de solda que espirram e deve ser utilizado durante as operações de soldagem.







Calçado de Segurança

Botina de Segurança
Existem vários tipos de calçados de segurança: botas, botinas, coturnos e  sapatos. Cada calçado possui características especiais para fornecer proteção a algum tipo de risco: calor, eletricidade, água, impacto de objetos, etc..

Gosto de usar uma botina de segurança com biqueira dura, Há dois tipos de biqueira: de aço e de PVC. Como não trabalho com peças muito pesadas optei pela biqueira de PVC, pois ao experimentar o calçado na loja ela me pareceu mais confortável que a com biqueira de aço. Tenho colegas que usam calçados com biqueira de aço e dizem que são confortáveis. Com biqueira de aço ou PVC uma botina de segurança é um EPI que deve fazer parte da vestimenta básica para qualquer atividade.



Máscara de Solda

A máscara de solda é um dos equipamentos mais importantes para o soldador. Ela protege o rosto de respingos e evita queima da retina pela radiação ultra-violeta, infra-vermelha e luz visível intensa produzida durante a formação do arco voltaico. Vou falar um pouco sobre elas para esclarecer alguns detalhes que aparecem nas especificações dos produtos existentes no mercado.

As máscaras de solda são caracterizadas pela sua Tonalidade de Escurecimento. A tonalidade de escurecimento é a graduação dada à proteção que filtro é capaz de fornecer, ou seja, qual a porcentagem da luz incidente que ele é capaz de bloquear.

A porcentagem da luz que atravessa o filtro é chamada Transmitância Luminosa. Os filtros luminosos são classificados segundo a tabela ao lado.





Máscara Fixa
Há dois tipos de máscara: as fixas e as automáticas. As máscaras fixas são as mais simples e mais baratas. São feitas de material plástico resistente e possuem uma janela onde é colocado um filtro de vidro com tonalidade fixa.

Esse tipo de máscara é ruim, principalmente para os iniciantes, porque o operador não consegue enxergar o trabalho enquanto o arco não é aberto, pois o filtro é muito escuro.







Máscara Automática
As máscaras automáticas são mais sofisticadas. Possuem um filtro de cristal líquido polarizador de luz que é capaz de bloquear o excesso de luminosidade assim que o arco se forma. Quando não há arco o filtro não atua, ficando claro para possibilitar a visão da superfície de trabalho.


Vejamos algumas características desses filtros:

Tempo de Comutação: também chamado de tempo de escurecimento, é o tempo que o filtro demora para atuar, passando do estado claro para o escuro. Esse tempo deve ser inferior a 5 milésimos de segundo (5 ms).

Tempo de Recuperação: chamado também de tempo de clareamento ou tempo de retorno, é o tempo que a máscara leva para passar do estado escuro para o claro. Esse tempo é variável de acordo com o serviço que está sendo executado, devendo ser menor para solda de ponteamento (50 ms) e maior para longos cordões (300 ms), pois a grande quantidade de material incandescente continua irradiar infra-vermelho após cessar o arco.

As máscaras de escurecimento automático podem possuir filtros de tonalidade fixa ou variável. Normalmente as máscaras fixas possuem tonalidade 11; as variáveis permitem a graduação da tonalidade entre 9 e 13. Quando o filtro está aberto (claro) ele apresenta tonalidade em torno de 4.

A tonalidade da máscara deve ser escolhida de acordo com o tipo de eletrodo e amperagem que está sendo usada. A tabela abaixo mostra as recomendações da norma EN 379-2003.




Ao efetuar uma solda a máscara deve ser regulada segundo a tabela acima, Pode ser utilizado um ponto para cima ou para baixo em virtude das diferentes capacidades de visão das pessoas.

Algumas máscaras de solda trazem no seu interior um filtro para os fumos provenientes da operação de soldagem que não devem ser inalados.

Dicas Importantes

Na hora de comprar os seus EPI observe:

  • Verifique quais são os EPI recomendados para o trabalho que você pretende fazer;
  • Dê preferência às marcas tradicionais conhecidas;
  • Certifique-se que o EPI possui o Certificado de Aprovação - CA com o número gravado, juntamente com o nome do fabricante/importador;
  • Verifique o prazo de validade;
  • Ao comprar produtos de raspa, principalmente luvas, experimente para ver se são confortáveis;
  • Ao adquirir uma máscara de solda dê preferência às máscaras automáticas com tonalidade variável e tempo de recuperação controlável;
  • A escolha do protetor auricular deverá levar em conta o nível de exposição ao ruído da atividade.

Ao utilizar o seu EPI:

  • Siga atentamente as instruções do fabricante;
  • Observe a validade do produto;
  • Substitua seu EPI sempre que estiver fora da validade ou apresentar avarias que possam afetar seu perfeito funcionamento;
  • Não compartilhe equipamentos pessoais, como os protetores auriculares de inserção;
  • Não reutilize produtos descartáveis.


Lembre-se:

  • EPI não custa caro.
  • Segurança nunca é demais!

Façam seus comentários.

Abraços e até a próxima!

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A Importância dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI

Hoje vou começar a abordagem de um assunto relativo à segurança: o uso dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI. Muitas vezes negligenciado, não só por hobistas, mas também por profissionais, os EPI devem fazer parte do dia-a-dia das pessoas que trabalham em atividades que os exijam.

Os EPI vão desde uma simples luva até equipamentos mais complexos, como trajes de proteção contra radiação, contaminação por agentes biológicos, fogo, etc...

Para cada trabalho que vamos fazer, cada máquina que vamos operar, há os equipamentos de proteção adequados e que devem ser utilizados durante o trabalho.

Meu amigo Edu, do Marceneiros & Bricoleiros, fez um vídeo interessante abordando o assunto. Ele mostra diversos EPI. Vale a pena assistir e se inscrever no canal pois ele dá dicas importantes de marcenaria, segurança e reviews de ferramentas (o canal está na minha lista de favoritos).

Como o artigo estava ficando muito grande resolvi fazê-lo em capitulos.

Um pouco de Legislação

No Brasil os Equipamentos de Proteção Individual são regulamentados pela CLT na Norma Regulamentadora nº 6: NR6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI - de 06/07/1978.

Para não ficar muito extenso vou fazer um resumo, colocando algumas definições e classificações definidas na norma. A norma completa pode ser facilmente encontrada na Internet.

A NR6 define EPI como sendo:
"Todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho."
A norma classifica os EPI quanto ao tipo de proteção que eles fornecem:

A - EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA
A.1 - Capacete
A.2 - Capuz ou balaclava

B - EPI PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE
B.1 - Óculos
B.2 - Protetor facial
B.3 - Máscara de Solda

C - EPI PARA PROTEÇÃO AUDITIVA
C.1 - Protetor auditivo

D - EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
D.1 - Respirador purificador de ar não motorizado
D.2 - Respirador purificador de ar motorizado
D.3 - Respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido
D.4 - Respirador de adução de ar tipo máscara autônoma
D.5 - Respirador de fuga

E - EPI PARA PROTEÇÃO DO TRONCO
E.1 - Vestimentas
E.2 - Colete à prova de balas

F - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES
F.1 - Luvas
F.2 - Creme protetor
F.3 - Manga
F.4 - Braçadeira
F.5 - Dedeira

G - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES 
G.1 - Calçado
G.2 - Meia
G.3 - Perneira
G.4 - Calça

H - EPI PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO
H.1 - Macacão
H.2 - Vestimenta de corpo inteiro

I - EPI PARA PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS COM DIFERENÇA DE NÍVEL
I.1 - Cinturão de segurança com dispositivo trava-queda
I.2 - Cinturão de segurança com talabarte

A norma também estabelece as responsabilidades e obrigações dos fabricantes/importadores de EPI, empregadores e trabalhadores. Abaixo cito algumas delas:
  • Todo EPI, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego;
  • Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante (produtos nacionais) ou do importador (produtos importados), o lote de fabricação e o número do CA;
  • A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
  • Ao empregado cabe a obrigação de usar o EPI de acordo com as determinações do empregador, responsabilizando-se pela sua guarda e conservação, devendo comunicar ao empregador qualquer alteração que torne o EPI impróprio para uso.
Essas definições são importantes para entendermos as recomendações dos fabricantes.

Oficina é lugar de trabalho

Você não precisa ter uma oficina propriamente dita. Podemos considerar oficina é o local onde se está trabalhando no momento. Pode ser um local dedicado a essas atividades, caso você tenha espaço, a área de serviço, a varanda do seu apartamento, ou outro lugar.

Como todo lugar de trabalho devemos nos vestir adequadamente, isto é, devemos usar roupas adequadas ao serviço. Independentemente do EPI que será utilizado depois, há algumas diretrizes que devem ser seguidas ao escolher sua vestimenta básica:
  • Roupas muito folgadas, sobrando pano, devem ser evitadas, assim como camisas desabotoadas com a fralda solta. Panos soltos podem enroscar em máquinas que giram como furadeiras, lixadeiras, esmerilhadeiras, etc... e provocar um sério acidente. Quando estava reformando minha casa o serralheiro desligou a esmerilhadeira e colocou-a no chão. Ainda girando, o disco enroscou na camisa solta que ele vestia e subiu em direção ao seu corpo. Como a máquina já estava parando não aconteceu uma tragédia: o disco foi perdendo força ao se enrolar na camisa e a máquina não chegou a ferir o serralheiro.
  • Evite brincos, colares, correntes, pulseiras, gravatas, anéis e alianças. Essas peças também podem se prender nas máquinas e provocar acidentes graves. Uma aliança pode decepar um dedo; uma gravata ou corrente grossa que se enrosque em um torno girando pode provocar enforcamento.
  • Sempre use calçados adequados. Nada de chinelos ou sandálias. O ideal é um calçado com biqueira de proteção. Ela vai proteger seus artelhos de objetos que possam vir a cair no seu pé. Tenho um conhecido que foi trocar o disco da serra e ele caiu no pé. Como estava de chinelo, o disco fez um estrago no dedo do seu pé. A gente nunca sabe o que pode acontecer.... Quando derrubo algo minha primeira reação é aparar com o pé para amortecer a queda.
  • Uma calça jeans (a calça jeans foi criada em para ser utilizado como roupa de trabalho pelos mineradores durante a Corrida do Ouro na Califórnia), uma camiseta de algodão e um par de botas são uma boa opção de roupa básica para a maioria dos trabalhos. Um macacão de brim também pode ser usado. Bermudas devem ser evitadas por não protegerem as pernas.
No próximo artigo devo falar um pouco dos equipamentos básicos para cada atividade.

Façam seus comentários.

Abraços e até lá!

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Como comprar uma máquina usada?

Nem sempre temos dinheiro para comprar a máquina dos nossos sonhos nova. Uma serra circular nova, por exemplo, dependendo do modelo pode chegar na casa de alguns milhares de reais...

E aí? Como fazer?

Ninguém precisa comprar uma máquina NOVA. Pode-se comprar uma máquina USADA, em boas condições, com uma boa economia.

Há lojas especializadas no comércio de máquinas usadas, que são reformadas e vendidas com garantia.

Também há muitas ofertas em sites de compra como OLX e Mercado Livre. Nesses sites há anúncios tanto de empresas como de particulares e não é raro conseguir um bom negócio. Eu mesmo já comprei 3 máquinas na OLX e não me arrependo: fiz ótimos negócios.

É lógico que ao comprar uma máquina nessas condições há que se tomar cuidados. Comprar uma máquina usada pela internet não é como comprar uma máquina nova. Na compra de uma máquina nova você só se preocupa com o preço e a idoneidade da loja, pois você sabe o que está comprando; a única dúvida é quanto ao vendedor.

A compra de uma máquina usada requer mais um pouco de atenção, pois além de não conhecer o vendedor você também não conhece o real estado da máquina.

Quando comprei minhas máquinas (uma serra tico-tico de bancada, uma serra de fita e uma serra circular) eu fui ver a máquina antes de fechar o negócio. No caso da serra circular eu viajei 100 km para ver a máquina "ao vivo e a cores" (essa é a vantagem da OLX, pois no ML a gente só fica sabendo o endereço do vendedor depois de fechar a compra).


O quê devo verificar ao comprar uma máquina usada?

Ao comprar uma máquina usada devemos atentar para alguns detalhes. Vou comentar os cuidados para a compra de uma serra, mas os conceitos servem para qualquer máquina.


Quanto custa a máquina nova, comprada em uma loja e quais acessórios acompanham?

Antes de comprar uma máquina usada devemos saber quanto custa uma nova, com garantia, e entregue na sua casa. Veja também as condições de pagamento oferecidas pelas diversas lojas, pois umas parcelam e outras dão descontos para pagamento à vista.

Esse é o valor de referência que deve ser considerado nas comparações que você fará com as diversas máquinas usadas que você encontrar. Não se esqueça do transporte, pois ao comprar uma máquina usada normalmente o transporte é por sua conta.


Verifique o estado geral da máquina.

Dê uma boa olhada no estado de conservação da máquina: carcaça (ou gabinete), fios, tomadas, interruptores, etc... O estado geral mostra como a máquina foi usada pelo antigo dono.

Abra tudo que for possível procurando identificar sujeira no interior da máquina (muitas pessoas não limpam as máquinas após o uso). Veja se ela tem cheiro de queimado.

Veja se houve modificações na estrutura original da máquina. Muitas pessoas fazem adaptações que depois não podem ser revertidas. Nesse caso a máquina perde a sua originalidade, o que pode ser motivo para depreciar o valor pedido: máquinas no estado original valem mais que máquinas com alterações.


Procure sinais de que a máquina foi deixada ao tempo, tomando chuva ou sofrendo inundação (total ou parcial). Pontos de ferrugem e marcas de lama são sinais indicativos.


Fuja de produtos de roubo.

Adquirir uma máquina que foi roubada é "uma roubada". Fuja desses negócios pois poderão lhe trazer problemas no futuro. A pessoa de quem você está comprando pode estar sendo investigada e você será acusado de receptador. Aí você terá que provar que está comprando de boa fé, o que lhe trará custos com advogado e muito aborrecimento.

Procure saber se a pessoa comprou a máquina nova ou usada e o motivo da venda.

Veja se ele tem a nota fiscal,  manual de instruções e todos os acessórios que acompanham a máquina. A falta desses itens pode significar que a máquina foi roubada.

As empresas costumam colocar em suas máquinas um número de patrimônio para identificação e controle. Essa numeração é colocada com chapas metálicas ou gravação na carcaça do equipamento. Verifique se há sinais de que essa identificação foi removida ou raspada, mostrando que essa máquina já pertenceu a outra pessoa. Nesse caso, redobre sua atenção.

Também desconfie de preços muito baixos. As pessoas que compraram um bem, não se desfarão dele a troco de nada! Pagar o preço de mercado é um indicativo de boa fé.

Se você tiver dúvidas sobre a procedência da máquina não faça negócio. Procure outra.


A idade conta?

Em uma máquina usada a idade conta menos do que o estado geral da máquina. Uma coisa muito importante é COMO a máquina foi usada durante esse tempo. Por exemplo, uma máquina com 5 anos de uso em uma marcenaria pode estar pior que uma máquina de 10 anos que pertencia a uma pessoa que usava como hobby.


Procure por folgas

Após verificar o estado geral da máquina devemos nos ater à parte mecânica.

IMPORTANTE: Antes de mexer na máquina retire o cabo de força da tomada!

Retire o inserto ou abra o protetor para ter acesso ao disco da máquina. Mexa no disco procurando por folgas. Se o disco balançar é sinal de problema

No caso de serras de bancada ou gabinete verifique também se há folgas no trilho do goniômetro e na fence. Prenda a fence e tente movê-la para os lados. Ela não deve balançar.

Caso a serra possua extensões de mesa verifique se há folgas e se elas prendem bem.

Algumas serras possuem mesa deslizante. Verifique também se não há folgas e o alinhamento entre  a mesa deslizante e a mesa da serra.


Ligue a máquina.

Ligue a máquina e preste atenção no barulho. Não pode produzir som de "coisa solta". Também não deve haver trepidação, o que denota desbalanceamento. 

Aproxime-se do motor e veja se não há cheiro de queimado. Algumas máquinas, por terem sido exigidas além da sua capacidade, apresentam danos no verniz do motor, o que produz um cheiro de verniz queimado ao serem ligadas.

No caso de serra manual veja se o motor não está faiscando excessivamente: pode significar mais do que simplesmente desgaste dos carvões: pode estar com o coletor danificado. Se a máquina não for muito velha isso pode significar que ela foi forçada ou já foi ligada em voltagem errada (pode não ter chegado a queimar, mas houve algum comprometimento)


Finalmente experimente a máquina!

Ninguém vai comprar uma máquina sem experimentá-la.

Use um pouquinho!!! Faça alguns cortes e veja como a máquina se comporta.


E se a máquina não estiver funcionando?

Muitas vezes encontramos ofertas de máquinas que não está funcionando. Nesse caso é preciso avaliar o custo dos reparos necessários. As vezes não vale a pena, pois o vendedor está pedindo muito caro por uma máquina que necessita de manutenção ou, embora o preço esteja bom dará muito trabalho para recuperar a máquina. Avalie bem.

Você gostou da máquina e vai comprá-la. Como pagar?

Caso você decida comprar a máquina, dificilmente o vendedor vai entregá-la se você não pagara a vista e em dinheiro vivo.

Nesse caso dê preferência ao pagamento mediante transferência bancária "on line". A vantagem é que esse tipo de transação é que o pagamento fica documentado no banco, servindo como prova irrefutável do seu pagamento.

Caso não seja possível, exija pelo menos um recibo.

CONCLUSÃO:


  • Não precisamos, necessariamente, comprar máquinas novas. Há excelentes máquinas de segunda mão sendo vendidas por aí. Mas tome cuidado, pois há muito lixo também. Para fazer um bom negócio é preciso de um pouco de paciência.
  • Não deixe de ver a máquina pessoalmente. Se você não entende direito da máquina que está querendo comprar, peça a um amigo que entenda para acompanhá-lo.
  • Certifique-se que você não está comprando uma máquina roubada. Você pode ter problemas e ser acusado de receptador. Se tiver dúvida não compre.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Ferramentas Hobby, Profissional e Industrial - Conceito

Dando início ao meu blog vou esclarecer (ou pelo menos tentar esclarecer) um conceito que costuma gerar muita dúvida: além do preço, quais as diferenças entre as linhas de ferramentas HOBBY, PROFISSIONAL e INDUSTRIAL.

Muitas vezes queimamos uma máquina porque ela foi utilizada de maneira errada, não por culpa nossa, mas por absoluta falta de informação nos catálogos e manuais. Uma coisa que não é bem difundida é o CICLO DE TRABALHO para o qual a máquina foi concebida. Toda máquina, até mesmo as industriais, têm um ciclo de trabalho, que é a proporção entre o tempo em que a máquina fica trabalhando e o tempo que ela deve ficar parada "descansando". Até hoje eu só vi essa informação divulgada nas inversoras de solda.

Quando o ciclo de trabalho não é respeitado e o tempo de funcionamento da máquina é excedido há danos ao equipamento: aquecimento é o principal sintoma de que estamos exigindo da máquina além daquilo para o qual ela foi projetada. O calor excessivo vai danificando o verniz isolante da fiação do motor que acaba queimando.

O desrespeito ao ciclo de trabalho acaba por reduzir a vida útil da máquina.

- LINHA HOBBY

A máquinas dessa linha são destinadas ao uso doméstico e hobistas iniciantes. São de concepção mais simples feitas para serem usadas eventualmente e em serviços leves.

O ciclo de trabalho de uma ferramenta HOBBY é de 10 a 15 minutos de trabalho contínuo para 30 minutos de descanso. São dimensionadas para 3 ciclos de trabalho por dia.

Eu (e isso é uma opinião minha) tenho algumas restrições a esse conceito de LINHA HOBBY, pois no dia que o hobista está usando a ferramenta ele a usa como um profissional, pois passa o dia todo na oficina. É aí que a máquina não aguenta e acaba queimando. Por isso eu tomo muito cuidado com qual tipo de máquina eu posso comprar da linha hobby.

- LINHA PROFISSIONAL

Máquinas da linha profissional, como o nome diz, são destinadas a profissionais que vão utilizar bastante a máquina. Os produtos dessa linha são mais robustos que os da linha hobby e normalmente possuem mais inovações tecnológicas. São destinadas a serviços mais pesados.

O ciclo de trabalho das ferramentas PROFISSIONAIS é de 30 minutos de trabalho ininterrupto com 30 minutos de descanso. São admitidos no máximo 6 ciclos de trabalhos por dia.

- LINHA INDUSTRIAL

São máquinas destinadas ao uso mais intenso e trabalhos extra-pesados. Normalmente são máquinas mais potentes.

As ferramentas da linha INDUSTRIAL são dimensionadas para uso contínuo de 45 minutos com 30 minutos de intervalo, admitindo no máximo 9 ciclos de trabalho por dia.

MEU CONSELHO:

Antes de comprar a sua máquina pense bem no uso que fará dela e escolha uma máquina da linha correta. Eu procuro dar preferência às linhas INDUSTRIAL e PROFISSIONAL, embora possua algumas ferramentas da linha hobby.

Gasta-se um pouco mais, mas se bem cuidada a ferramenta dura o resto da vida! Compra-se uma vez só.

Meu amigo Marcos costuma dizer: "Comprou baratinho, levou porcaria... vai ter que comprar de novo!"

Abraço e até a próxima!

Apresentação

Meu nome é Paulo. Engenheiro com 52 anos de idade sou um TOOLAHOLIC, apaixonado por ferramentas desde criança. Incentivado por meu pai, sempre fui adepto do DIY (faça você mesmo): prefiro gastar o dinheiro comprando ferramentas e fazendo o serviço do que pagar  para alguém fazê-lo e me aborrecer com o resultado depois.

Minha esposa e minha filha dizem que eu mais COMPRO ferramentas do que TRABALHO com elas... o que até pode ter um fundo de verdade.

Ao longo da vida fui acumulando ferramentas e conhecimento. Das ferramentas eu tenho ciúmes (não dá para emprestar), mas os conhecimentos.... eles devem ser passados adiante!

Criei esse espaço para compartilhar o pouco que sei sobre máquinas, ferramentas, marcenaria, eletricidade e DIY.

Abraço a todos,

PC!

As opiniões postadas aqui são pessoais e fundadas em minhas experiências e aspectos puramente técnicos. Não sou patrocinado!